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A pandemia e a saúde mental

  • Foto do escritor: Descomplica Blog
    Descomplica Blog
  • 22 de mar. de 2021
  • 2 min de leitura

A pandemia de Covid-19 virou de “pernas para o ar” a vida de todos.


Esta não era uma ocorrência esperada, não houve preparação e por isso fez-nos confrontar com algo que é muito desorganizador para a maioria das pessoas: a perceção de falta de controlo sobre aquilo que nos acontece.


Também as medidas para evitar o contágio levaram-nos a longos períodos de confinamento, ao isolamento social, à necessidade de utilização das novas tecnologias a full-time. Impediram-nos até de nos despedir daqueles que partiram...


As saídas necessárias são agora rodeadas de medos, cuidados extremos e preocupações do tipo “e se...”.


A quebra abrupta e mantida de rotinas, a ausência de horários, a perceção de dias pouco produtivos e todos iguais aumentaram a perceção de ineficiência e a letargia.


A maior disponibilidade de tempo, tão desejada anteriormente, viu-se associada ao aumento de espaço mental para pensar, para colocar cenários assustadores, para projetar o futuro como incerto e ameaçador.


Como sabemos, a forma como nos sentimentos não está relacionada com aquilo que nos acontece, mas sim com a forma como interpretamos aquilo que nos acontece.

O desconhecimento deste vírus, das suas consequências a longo prazo, a impossibilidade de ser visto a olho nu e a dúvida constante que está associada à possibilidade de contágio são promotores de interpretações catastróficas que levam ao aumento da sintomatologia ansiógena, à desesperança, alterações do humor e, consequentemente, a alterações do comportamento.


E não é só! A esta equação já complexa devemos acrescentar os receios face à situação laboral, as preocupações de carácter financeiro, as exigências de conciliar teletrabalho e crianças em casa, a preocupação acerca do impacto da situação nos filhos, a menor possibilidade de prática de exercício físico....


Não podemos esconder que se criaram as condições ideais para a redução da saúde mental, constituindo-se a pandemia de Covid-19 como um stressor, ou seja, um acontecimento que provocou alterações no ambiente gerando tensão o que desencadeia respostas mal-adaptativas.



Os estudos mostram isso mesmo:


· o acréscimo de sintomas compatíveis com perturbações do humor e de ansiedade, irritabilidade acentuada, perceção de medo prolongado, de raiva, e impacto na qualidade do sono (Brooks SK, Webster RK, Smith LE, Woodland L, Wessely S, Greenberg N, et al. The psychological impact of quarantine and how to reduce it: rapid review of the evidence. Lancet. 2020;395:912-20)


· aumento de risco para o abuso de álcool e drogas (Wu P, Liu X, Fang Y, Fan B, Fuller CJ, Guan Z, et al. Alcohol abuse/dependence symptoms among hospital employees exposed to a SARS outbreak. Alcohol Alcohol. 2008;43:706-12)


· acréscimo do número de divórcios associado também ao aumento em 23% do tempo de utilização dos telemóveis com impacto na comunicação entre as famílias (estudo da Relish)


· ....


Quando o risco de contágio for menor, quando o efeito da imunização pelas vacinas se fizer sentir, quando podermos retomar a normalidade das nossas vidas, os impactos psicológicos manter-se-ão, perdurarão no tempo e terão consequências a longo prazo.

A procura de ajuda atempada é por isso fundamental.

Não precisa estar no fundo do poço para pedir que lhe lancem a corda!!!




Cátia Morais

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